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Sargento do Bope diz que foi o único a atirar em confronto próximo ao local onde office-boy morreu no Rio

Policial é um dos 12 PMs que participaram da operação na favela. Sargento disse ter feito 20 disparos na noite da festa junina. Sargento do Bope diz que foi...

Sargento do Bope diz que foi o único a atirar em confronto próximo ao local onde office-boy morreu no Rio
Sargento do Bope diz que foi o único a atirar em confronto próximo ao local onde office-boy morreu no Rio (Foto: Reprodução)

Policial é um dos 12 PMs que participaram da operação na favela. Sargento disse ter feito 20 disparos na noite da festa junina. Sargento do Bope diz que foi o único a atirar em confronto próximo ao local onde office-boy morreu no Rio Em depoimento na 9ª DP (Catete), o sargento Daniel Sousa da Silva, do Batalhão de Operações Especiais (Bope), disse que foi o único de sua equipe a realizar disparos, na madrugada de sábado (7), na Rua Marília Toninni, no alto do Morro Santo Amaro, na Zona Sul do Rio. Ele afirma que os tiros foram uma resposta a disparos de traficantes contra a ação policial - contrariando a primeira nota da PM após o fato, que afirmava que os policiais não dispararam naquela noite. O depoimento foi obtido com exclusividade pelo RJ2. A comunidade recebia uma festa junina tradicional no momento da ação do batalhão e tinha visitantes de outras regiões que participavam do evento. O office-boy Herus Guimarães Mendes foi baleado e morreu na escadaria que liga as ruas Marília Toninni e Luís Onofre Alves, onde acontecia a festa. Em seu depoimento, o policial não menciona a realização de uma festa junina no local. A análise da perícia vai dizer se os disparos que mataram o office-boy foram feitos pelos policiais do Bope ou se por traficantes. Até o momento, 18 policiais foram afastados pelo secretário da Polícia Militar, o coronel Marcelo Menezes. Desses, 12 participaram da operação no Santo Amaro. O sargento Daniel Sousa era o chamado "policial ponta de patrulha" - aquele que fica na frente da equipe nas incursões. Daniel contou à Polícia Civil que, por volta das 3h40 de sábado, participava da operação no Morro Santo Amaro. Ele portava um fuzil de calibre 5,56. Sargento Daniel Sousa da Silva, do Bope Reprodução Na ocasião, ele estava na companhia de dois sargentos: Dyogo de Araújo Hernandes e André Luiz de Souza. Na equipe havia ainda outros dois cabos: Leonardo Oliveira Alves e Rodrigo da Rocha Pita. Todos portavam fuzis. 13 disparos Ainda segundo o PM do Bope, antes de chegar à escadaria na Rua Marília Toninni, indivíduos não identificados dispararam contra os policiais. Daniel Sousa da Silva afirmou que, como ponta da patrulha, fez 13 disparos contra os criminosos para "repelir a agressão". Segundo ele, houve um confronto depois que caminhou alguns passos e, ao chegar no alto da escadaria. O sargento fala que "novamente indivíduos, não identificados, desferiram mais disparos contra a guarnição". Segundo o policial, houve mais 7 disparos neste momento. ‘O policial arrastou o meu filho pela escada’, diz mãe de Herus 📸Clique aqui e siga o perfil do RJ1 no Instagram ✅Siga o canal do g1 Rio no WhatsApp e receba as notícias do Grande Rio direto no seu celular! Segundo o policial, "os demais integrantes da referida guarnição não dispararam". Daniel Sousa da Silva disse que não viu ninguém ferido depois desse tiroteio. De acordo com o policial, depois de sair da comunidade, a equipe se deparou com um carro que levava um jovem baleado para o hospital. Segundo o sargento, um tempo depois, ele soube que se tratava de Herus. O jovem de 24 anos foi atingido por dois tiros: um na barriga e outro no quadril. Pais do office-boy contaram que policiais dificultaram o socorro ao jovem. O sargento Daniel Sousa da Silva finalizou o depoimento dizendo que, depois de ver Herus sendo socorrido, ele e outro sargento trocaram tiros com bandidos também fora da comunidade, na rua Santo Amaro. O RJ2 e o g1 apuraram que os policiais do Bope foram ao Morro Santo Amaro, na madrugada de sábado, depois de receberem informações de que haveria homens armados na região. Ao todo, 18 policiais militares da tropa de elite da PM do Rio de Janeiro seguiram para o local. Todos entregaram as armas que usavam aos investigadores. Entre eles, está o comandante da operação, o primeiro-tenente Felipe Carlos de Souza Martins. No domingo (8), por decisão da Secretaria da Polícia Militar, o comandante do Bope, coronel Aristheu de Góes Lopes e o comandante do Comando de Operações Especiais, coronel André Luiz de Souza Batista, foram exonerados. Contradição em relação à nota da PM O depoimento do sargento Daniel Sousa da Silva na delegacia terminou às 10h59 da manhã de sábado. E contradiz a nota do comando da Polícia Militar, divulgada 20 minutos depois. A nota da PM afirma que, de acordo com o comando do Bope, criminosos atiraram contra os policiais nesta região, porém não houve revide. E que, em outro ponto da comunidade, os criminosos atacaram as equipes novamente, gerando confronto. Em nenhum momento deste depoimento, o sargento Daniel Sousa da Silva menciona o motivo da operação no Morro Santo Amaro. O que diz a PM Sobre a contradição do depoimento com a nota divulgada, a PM não respondeu. A Polícia Militar declarou que as investigações da Corregedoria interna estão em andamento e que segue colaborando integralmente com as investigações do Ministério Público e da Delegacia de Homicídios. A Polícia Militar informou ainda que as imagens das câmeras dos policiais envolvidos na operação já estão preservadas e disponíveis para entrega aos órgãos externos responsáveis pelas investigações. Protesto após morte de office-boy no Morro Santo Amaro Jefferson Monteiro/TV Globo Herus Guimarães Mendes Reprodução